Sabe
o que é um pleonasmo vicioso? É o termo usado para definir um dos vícios mais comuns de linguagem e consiste na repetição despropositada
de uma ideia em termos diferentes.
O
exemplo clássico é o famoso “entrar para dentro”. Há outros que pedem alguma
atenção por parte do ouvinte para detetar a incongruência. Muitos são repetidos
há anos sem darmos conta.
Quem
nunca disse “certeza absoluta”? Talvez já tenham dado “o acabamento final” à
pintura das paredes ou partido uma laranja em “duas metades iguais”. Já tiveram
uma “surpresa inesperada” e “encararam de frente” o médico para lhe apresentar
“sintomas indicativos” de alguma doença com ou sem “detalhes minuciosos” para
ele “planear antecipadamente” o tratamento e apresentar a “última versão
definitiva” que será, obviamente, uma “escolha opcional”?
Obviamente,
que todas estas repetições são dispensáveis. Todavia, se as podemos tolerar na
oralidade informal, devemos repudiá-las na escrita.
De
todas, há uma que está totalmente arreigada quer na linguagem oral quer na
escrita: “há anos atrás”. É recorrente ouvi-la na rua, na escola e nos meios de
comunicação social, mas está errada! Nem sequer pode ser entendida como uma
redundância aceitável.
Quando
digo “encontrei o Pedro há dois dias” o verbo “haver” significa
“existir” e usa-se para indicar o período decorrido entre o momento em que teve
lugar a ação mencionada até à altura em que a frase é proferida. Por outras
palavras, passaram dois dias desde que encontrei o Pedro. A utilização do advérbio
“atrás” é redundante e errada, pois duplica os marcadores de tempo.
Não
obstante, pode sempre dizer-se “dois dias atrás”, mas sem o verbo “haver”. É,
pois, correto dizer “encontrei o Pedro há dois dias” ou “encontrei o Pedro dois
dias atrás”
Assim,
e como “*conclusão final”, não é por se ouvir na televisão ou por se ler nos
jornais que está certo!
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