quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Como se escreve?

Muitas vezes, cometemos erros por desconhecimento da forma correta. Sempre vimos as palavras assim escritas ou sempre as ouvimos serem ditas daquela forma. Lê-las e ouvi-las nos órgãos de Comunicação Social ou em páginas das redes sociais pode, inclusivamente, reforçar as nossas certezas e perpetuar o erro. 

“Uma casa portuguesa (de milhões) concerteza.” Este título do jornal Correio da Manhã, de 6 de agosto de 2017 (http://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/uma-casa-portuguesa-de-milhoes-concerteza (acedido em 23/01/2018), é o ponto de partida para o artigo de hoje. 

A forma correta é “com certeza”. Trata-se de uma locução adverbial composta pela preposição “com” e pelo nome “certeza” e pode ser substituída por “certamente”. Apesar de a locução ser mais utilizada com a preposição “com”, alguns dicionários registam “de certeza”, com a preposição “de”.

Outro erro muito frequente é a confusão instalada entre “mal-estar” e “*mau-estar”.

A página da RTP Açores destaca um artigo intitulado “Há mau estar na UGT dos Açores, admite o Presidente do Conselho Geral”, publicado a 12 de novembro de 2017 (https://www.rtp.pt/acores/politica/ha-mau-estar-na-ugt-dos-acores-admite-o-presidente-do-conselho-geral-video_55935, acedido em 23/01/2018).

O correto é mal-estar, pois “mal” opõe-se a “bem”. Neste caso ficaria bem-estar. Mal-estar significa uma indisposição, um incómodo, um não estar bem. “Mal” e “bem” são advérbios. “Mau” e “bom” são adjetivos. 

“Mal-estar” é um nome comum masculino. A maioria das palavras compostas que se iniciam com “mal” são adjetivos (mal-acabado, mal-acostumado, maldisposto). 

A este propósito, consulte-se a Base XV, do AO de 1990, sobre o uso do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares: “emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf. malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante (cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).
Obs.: em muitos compostos o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, etc.

Com base no abordado nos parágrafos anteriores, terminamos com “Bem-vindo” e “Benvindo”. Infelizmente, não são raras as vezes que vemos placas de “boas-vindas” como as reproduzidas. 






Uma pesquisa rápida pela internet também nos permite constatar que há várias páginas que nos saúdam com “benvindos” ou “bem vindos”. Algumas de referência ou de empresas (“Benvindo ao MSN Finanças”, página da Microsoft, em  https://support.microsoft.com/pt-pt/help/2999547/welcome-to-msn-money, acedido em 23/01/2018). 

Quando designa a saudação de boas-vindas, a palavra escreve-se com hífen. “Bem-vindos” é elipse (quando o verbo não está expresso) da frase “sejam bem-vindos”. De salientar, que o segundo elemento da palavra concorda em género e número com o sujeito (ele é bem-vindo, ela é bem-vinda, eles são bem-vindos, elas são bem-vindas). 

“Benvindo” é um nome próprio, tal como o feminino “Benvinda”.

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